A necessidade de ir além atesta que em nós o potencial observador desenvolveu-se como uma característica comportamental que possibilitou (e possibilita) a interação do homem com o mundo e a sua organização para entendê-lo. Ir além é uma necessidade humana. Como o homem interage basicamente de forma interpretativa, existe a busca natural da sensibilidade e inteligência, de ir além, dilatando naquele que se convence de que por mais que pense saber, de nada sabe, pois sua relação com o que chama de verdade é interpretativa.
Como todos os sentidos humanos, externos e internos, se desenvolveram na relação do homem com o mundo, de acordo com suas necessidades no percurso evolutivo, consideramos até então a relação do homem com o mundo e não consigo mesmo. Considero, dentro de minhas experiências como médium, no decorrer dos meus sessenta anos, que a sensibilidade no homem difere de emoção e sentimentos, distribuída entre os canais dos sentidos sensoriais externos e internos ( sensibilidade) que possibilitam, em determinado momento, a interação entre a interpretação desenvolvida, a dúvida sobre a crença oriunda dessa interpretação e a alteração comportamental produzida por uma nova interpretação que pode ser automática, conveniente ou produzida pelo entendimento oriundo de observações e experiências.
Todo este manancial produzido pela sensibilidade e inteligência, distribuídas pelos diversos canais que captam as necessidades físicas, sentimentais, emocionais, intelectuais, racionais e socioambientais, é oriundo de uma mesma fonte: a sensibilidade psíquica, que se distribui pelos canais sensoriais. A mediunidade surge no homem como um sentido em desenvolvimento, que dá atualmente margem para múltiplas interpretações, das quais a maioria permanece em território religioso, mas podemos ver que é um sentido que mira o além de todas as interpretações humanas e, por vezes, choca-se com a própria ciência que tenta (e precisa ser assim) convergir a inteligência humana sempre para um senso comum.
O sentido que chamo de mediunidade traz em si um potencial muito abrangente, desde a incorporação de determinados fenômenos sentimentais/emocionais a incorporação de forças invisíveis, como também de potenciais de alívio, transferências magnéticas e conversas ou comunicações com os ditos mortos, levando a questões diversas sobre imortalidade, reencarnação, débitos passados e aprimoramento do espírito.
Quando ocorrem com o homem fatores que ainda não são consenso, pelo senso comum, estes ficam à margem do sobrenatural, justamente por não ser ainda uma interpretação comum, com entendimento certificado pelo menos no âmbito do conhecimento. É evidente que aquilo que não é consenso tende a pairar mais no campo religioso ou especulativo.
A mediunidade é um sentido em desenvolvimento na intimidade do homem ou médium, independentemente do que este sentido possibilite e tenda a conectar interior/exterior deste, tornando visível – para o próprio indivíduo – a pessoa humana. Não há especialidade nisto, o que há é naturalidade, um sentido macro e abrangente em desenvolvimento. No livro Inteligência Mediúnica, abordamos, no capítulo 03, Inteligência e Sensibilidade, sobre Acúmulos Sensoriais. Fica a sugestão… uma excelente leitura para você.