Um sentido psíquico que torne visível o invisível interno, considerando a invisibilidade dos sentimentos/emoções/estados de sentir e da pessoa humana que é invisível para o si mesmo.
A mediunidade é um sentido psíquico originário de todos os sentidos físicos, transcendendo-os e se estendendo além do horizonte de nosso rotineiro olhar para nós mesmos e para o mundo.
A angústia faz parte da vida humana, é o resultado de nossos desejos satisfeitos ou não. Embora sintamos angústia não sabemos de onde ela vem, nem tão pouco para onde vai, se é que vai, porque se vai sempre volta. A angústia habita nossa intimidade.
Ela não afeta um órgão, afeta o homem por inteiro. Não está ao lado, está dentro de nós e se externa em transtornos com os quais geralmente não sabemos lidar. Senti-la é como viver um desespero sem causa justificada, pois o homem se angustia pelo simples fato de existir e desconhecer como será amanhã.
A angústia nos faz sentir: não caber em si; espasmos emocionais; a necessidade de um lugar mais confortável do que a própria intimidade; a sensação de que falta tudo; desejos inquietantes e indefinidos, além de buscas de todas as ordens, porém infrutíferas. O caos ocorre na própria intimidade tendo somente o sujeito que a sente como testemunha.
Este estado angustiante ocorre em uma área do individuo que só ele presencia sem entender o que se passa. O que o leva a crer que algo nele está errado, pois ele está produzindo toda aquela carga de desordem e dor e é muito comum que aqueles que assistem de fora até acreditem que algo esteja errado com o sujeito. Porém como não presenciam a vida daquele indivíduo internamente, acham que ele talvez esteja exagerando nas reações.
O ser humano traz em seu bojo a ancestralidade animal, no tocante ao nosso corpo fisiológico. Nosso primeiro reconhecimento sobre nós se dá no período infantil, quando nos reconhecemos como, segundo nos dizem, crianças dependentes.
Mesmo neste estado, que na verdade é um período (fase da infância), trazemos fisiologicamente uma síntese evolutiva que se reproduz da fase infantil até a puberdade, desaguando no adolescer, somado ao ambiente que fomos formados nos proporcionou e como recebemos de forma sensível todo este processo.
As emoções destas fases estão impressas em nossa constituição que, compõem a tridimensionalidade humana: a área psíquica, psicológica e fisiológica, sendo a última a mais periférica do que costumamos chamar de eu.
Não estou trazendo aqui nenhum tratado psicológico, pois não tenho formação acadêmica nesta área, como em nenhuma outra. Sou uma eterna graduanda da vida como ela é – a partir do ser humano que sou. E da observação e conjugação da vida como ela é e de mim mesma, somadas às experiências de vida, tornei-me uma autoridade em intimidade humana no que diz respeito à vida íntima do ser humano, isto é, lá no que eu chamo de área intermediária que é tocante à constituição da pessoa humana que cada um de nós é. E que, não obstante, ignoramos que exista, tanto quanto temos pouco saber sobre como esta área foi constituída e como ela opera em nossa intimidade.
A pessoa humana é constituída pelo ambiente, pelas pessoas que o compõem e de sua sensibilidade para sentir o ambiente onde seu corpo surge, foi lá que você foi forjado e tornou-se o que é.
A angústia permeia a vida de todo ser humano. Aquele que diz – eu não sinto angústia! Ainda não a percebeu, pois ela está em nós e é inerente ao período que compõe a nossa infância. Somos seres desejantes, nascemos desejando e nem sempre temos o desejo satisfeito no tocante ao objeto ansiado, somos dependentes nesta fase de que alguém nos supra o desejo sentido, ou seja, alivie a angústia que a falta, o fato de desejar e a impossibilidade de supri-lo por nós mesmos, produz.
A angústia é remanescência do ato e do fato de desejar e depender de alguém que supra e de herdar as consequências das formas com as quais tivemos nossos desejos supridos. Porém, qual a origem do nosso desejo? O que o constitui? Desejamos pelo simples fato de desejar ou temos desejos específicos, oriundos de nossa formação como pessoas humanas? A pessoa humana – que se move na intimidade de seu corpo – é visível ou invisível aos seus sentidos?
É a partir desta resposta que poderemos dialogar e aprofundar na Mediunidade como sentido psíquico, inerente à nossa forma de vida humana. Assim, capacitando-nos a ver o porquê da angústia, afinal de contas ela subsiste em nossa intimidade subjetiva, real para aquele que nela vive. A vida ocorre internamente com repercussões exteriores e o sentido mediúnico, direcionado
como recurso para tornar a vida interna visível, está para aquele que começa a sentir os ecos da mesma em sua própria intimidade.
Até o próximo post e continuamos!